11 de abr. de 2010

A complexidade do ensino-aprendizagem

Resumo
Esta pesquisa tem o objetivo de mostrar alguns fatores que auxiliam para a complexidade do ensino aprendizagem. A relação de professor/aluno, aluno/professor onde em alguns momentos da aprendizagem o professor se da à chance de aprender com o aluno, colocando a noção de desordem no lugar de ordem e uma nova ordem na noção de desordem.

Introdução

Tudo começou em Janeiro de 2009, quando surgiu uma vontade imensa de iniciar uma instituição que eu pudesse trabalhar com crianças e adolescentes através do esporte, em uma tentativa de impedir que crianças carentes se percam na criminalidade, nas drogas e na prostituição. Crianças que muitas vezes não tem apoio da família, amigos, parentes etc.
Então dei o ponta pé inicial: resolvi treinar meninos para jogar futebol e no terceiro dia de treino já tínhamos cerca de quarenta crianças. Mas descobri que para dar continuidade ao projeto teria que ser habilitado (CREF), então me matriculei na Universidade (UNICID). Hoje estou no 3º semestre e percebo a importância do curso para me tornar um excelente profissional.
Este terceiro semestre está sendo muito bom, pois estamos trabalhando com desenvolvimento, aprendizagem e ritmo. Estes requisitos são essências para saber respeitar o desempenho de cada um.

A aprendizagem e o desenvolvimento estão inter-relacionados desde que a criança passa a ter contato com o mundo. Na interação com o meio social e físico a criança passa a se desenvolver de forma mais abrangente e eficiente. Isso significa que a partir do envolvimento com seu meio social são desencadeados diversos processos internos de desenvolvimento que permitirão um novo patamar de desenvolvimento.

Acredito que o primeiro passo para este projeto é poder passar a herança que as crianças e adolescentes tem por direito que são as brincadeiras e os jogos infantis. Temos a priori a obra de “Pieter Brueghel” de 1560 que apesar de mostrar crianças do séc. XVI que ao brincarem não “ri” e só se importam com o jogo em si, crianças que por causa da vestimenta daquela época são vistas como pequenos adultos.
Desta forma vejo que o profissional de Educação Física tem grande responsabilidade em ensinar estas brincadeiras que dificilmente são vistas hoje, fazendo de uma forma que eles (a) venham entender que são herança cultural que eles (a) têm por direito de conhecer.

Para GALLAHUE aprendizagem significa: "Processo interno que produz alterações consistentes no comportamento individual em decorrência das interações da experiência, da educação e do treinamento com processo biológico. É um fenômeno no qual a experiência é pré-requisito, o desenvolvimento, em oposição, é um processo que pode ocorrer independentemente da experiência". (GALLAHUE, 2005)

No caso da aprendizagem motora, o ambiente pode influenciar na aprendizagem, pois segundo MAGILL (1998) o ser humano tem limitações ao fazer mais de uma atividade ao mesmo tempo quando somos obrigados a dividir nossa atenção entre as tarefas serem desempenhadas.
Nesta ocasião o ritmo deles são diferentes uns dos outros e por este motivo temos que ter paciência e gostar de ensinar, e com isto também poder aprender novas experiências afinal aprender não depende só de quem ensina e sim de outros fatores que auxiliam na aprendizagem.

Hoje, fala-se tanto em criatividade... mas, onde estão as brincadeiras, os jogos, os cantos e danças de outrora? Nas lembranças de velhos aparecem e nos surpreendemos pela sua riqueza. O velho, de um lado, busca a confiança do que se passou com seus coetâneos, em testemunhos escritos ou orais, investiga, pesquisa, confronta esse tesouro de que é guardião. De outro lado, recupera o tempo que correu e aquelas coisas que, quando as perdemos, nos fazem sentir diminuir e morrer (BOSI, In: GONÇALVES FILHO, 1988, p100).

José Pacheco (Educador português/ Escola da Ponte) cita que: “Cada ser humano é único e irrepetível, ipso facto, o trajeto de desenvolvimento de cada aluno é também único e irrepetível”. Para ajudar a quebrar um paradigma de aulas lecionadas e direcionadas somente para habilidades lingüísticas e lógica matemática Howard Gardner (1985), criou A Teoria das Inteligências Múltiplas; segundo ele, “todos os indivíduos normais são capazes de uma atuação em pelo menos sete diferentes e, até certo ponto, independentes áreas intelectuais”.Metodologia
Saber ensinar
Uma das formas de ensinar é saber como será o método pedagógico, para isso é necessário conhecer as diferentes possibilidades, entre elas o método de demonstração que segundo MAGILL (2000) é a forma de comunicação mais comum, mas para ocorrer de forma clara o professor tem que desempenhar a atividade corretamente, para que o aprendiz tenha idéia desse novo movimento.
Cada pessoa processa de um jeito diferente a informação através da comunicação de demonstração, para isso é necessária saber se realmente ela está compreendendo o objetivo da atividade. Isso pode ser obtido através de um pequeno teste, pedir ao aprendiz que descreva o que foi passado; para saber o grau de assimilação, porém nem sempre será exatamente da mesma forma, mas tem que estar coerente com o que foi proposto, pois tem diferença de olhar e ver.

Diferenças entre olhar e ver são:

Olha – Somente percebe a demonstração e não aprender.
Ver – Repara os detalhes e aprende.

Cada pessoa tem uma determinada facilidade para aprender, mas o fato de demonstrar não quer dizer que seja padrão, pois podemos fazer de diversas formas com o auxilio dos sentidos:

Audição
Demonstrar a atividade e falar descrevendo o movimento ao mesmo tempo.
Ao falar você chama a atenção do aprendiz para observar o movimento de forma mais objetiva, que neste caso pode ser o corpo como um todo ou um determinado seguimento, porem tem que informar aos poucos, pois as pessoas têm limitações na capacidade da informação. Não adianta querer passar tudo de uma vez, pois assim a pessoa ira ter dificuldade para lembrar e desempenhar.

Visão
O processo de aprendizagem visual pode seguir duas teorias que são contraditórias, essas possibilidades são:
Teoria da mediação cognitiva: Observação do movimento para executá-lo, ou seja, trabalha com a memória, a pessoa vê e guarda a informação para quando for executá-la, lembrar através de símbolos e imagens que o mesmo criou. Esse processo é subdividido em alguns passos:
Processo de atenção: Observa o movimento prestando atenção nos detalhes.

Processo de retenção: Constrói símbolos para identificar a seqüência de uma forma representativa, depois tem o Processo de reprodução do movimento: Lembra dos símbolos e faz a tradução através dos movimentos.
Processo de motivação: Incentivo para execução do movimento.
Visão dinâmica do modelamento: O visual capta automaticamente o que esta sendo observado. MAGILL (2000) afirma que “(...) acontece porque a informação visual pode fornecer diretamente a base para coordenação e o controle de varias partes do corpo necessárias para reproduzir a ação”.JOÃO e BRITTO nos da um exemplo muito bom de observação: “(...) a intervenção prematura/determinista do professor pode limitar a amplitude da experiência, do mesmo modo que a intervenção atenta pode expandir novas possibilidades”.
Dinâmica
Objetivo
O objetivo deste trabalho é poder assimilar o aprendizado, a observação, o ensino e o resultado dentro de uma possível aula de percussão corporal “(...) A percussão corporal serve como ferramenta para exercitar atenção, concentração, coordenação motora, de si mesmo e do grupo.” Dentro desta aula causaremos situações problema onde o instrutor a observa para obter um possível aprendizado com seus alunos e vice-versa.

O método da dança “Peito, Estrala, Bate” que envolve três das sete Inteligências Múltiplas de Howard Gardner (Inteligências: Musical, Espacial e Cinestésica), trabalha-se com os alunos um tipo de dinâmica muito abrangente, onde um bom observador pode também ensinar, aprender e consequentemente interagir com outras pessoas, e dentro dessas interações com certeza uma dança fluirá. Uma experiência foi feita adaptando a dança mencionada “Peito, estrala, bate”, a um ritmo de Hip-Hop com a música do cantor americano Usher - Yeah! Fazendo-se esta adaptação nos aproximamos de uma das definições de Surrealismo; FORTINI (1980), O Movimento Surrealista, 2ª edição; “Uma paixão negativa, de destruição e de recusa de quanto entrave a integral apropriação pelo homem do seu próprio mundo e do mundo que o circunda...”.

Pratica
Peito, estrala, bate
Essa dinâmica serve como uma forma de aprendizagem, tanto pra quem esta ensinando, quanto para quem esta efetuando a ação e também para quem esta observando tudo.

• Ensinar –
imaginamos que o professor ensine por partes: primeiro só o inicio da musica, repetindo varias vezes até que o aluno consiga aprender, depois que já consiga fazer tudo sozinho, o docente vai aumentando o grau de dificuldade, passando para segunda fase, só que nem todos os alunos vão conseguir aprender assim, pois como vimos no texto acima cada aluno aprende de uma forma especifica então o professor terá que mudar o seu ensinar, ou seja, assim você aprende com a necessidade dele.

• Aprender –
Muitos pensam que só os alunos aprendem, mais o grupo a escola em si aprende junto, tanto os professores, quanto os alunos, diretores.
Caso anterior, o professor passa a ser aprendiz quando o aluno demonstra a forma mais fácil de aprender, ou como no exemplo usado em sala de aula, o aluno passa a ensinar os seguintes passos sem a ajuda do professor. Assim o discente vira docente e vice-versa.

• Observador –
os observadores são todos os que estão presentes na sala, pois quando ensinamos ou aprendemos nós temos que passar pela fase de observar.
Observe que ao tentarmos ensinar, temos que ter a percepção se os alunos estão conseguindo aprender a proposta, e assim também temos que ter a mesma atenção quando estamos aprendendo os movimentos para a sim serem executados.

Como dar Feedbach após o conhecimento de Resultados
Richard A. Magill usa um método chamado “Conhecimentos de Resultados”, onde ocorre uma leitura corporal do professor ao aluno após o comando de um movimento, em alguns casos é aconselhável que o professor deixe que o educando repita o movimento por algumas vezes, para lhe dar um Feedback, ou seja, em alguns casos na interferência precoce do professor pode causar um bloqueio de desenvolvimento motor do educando.
O Conhecimento de Resultados (CR), é uma ferramenta que tem que estar presente.
Isso nos leva a entender que além de ensinar o professor tem que ser um bom, observador, podendo com isso fazer uma leitura corporal do aluno aprendendo a cerca de suas limitações, ou seja, a interatividade entre ensinar, aprender, observar e chegar a um resultado (dança) é algo que tem haver com muita harmonia entre estes fatores, pois, neste processo o professor que causa uma desordem na noção de ordem, ou seja, ao mesmo tempo em que ensina ele aprende e observa, possibilita um melhor aprendizado. “(...) Gerar situações problema que favoreçam o processo auto-reflexivo que acontecem na aula e para além da aula é, segundo nossa visão, fundamental para uma boa pratica pedagógica que vislumbra um processo de transformação”.
“Eu queria uma escola que cultivasse a curiosidade de aprender que é em vocês natural. Eu queria uma escola que educasse seu corpo e seus movimentos: que possibilitasse seu crescimento físico e sadio. ... que ensinasse primeiro pela observação, pela descoberta, pela experimentação”
Carlos Drumond de Andrade
“Para todas as crianças”


Conclusão
Nesta apresentação ficou muito claro que a interação entre professor e aluno é bem complexa e este grau de complexidade aumenta quando o professor se permite aprender com o educando. Pois este sempre traz consigo sua cultura própria e esta sempre têm novidades que podem ser aproveitadas, ou seja, permitir que o educando traga o que sabe sobre brincadeiras, danças etc. Enfim a sua cultura própria, causando uma desordem em meio a ordem a aprendizagem pode com isso se tornar ainda mais enriquecedora para ambas as partes, ensinar/aprender, observar/ensinar, aprender/observar acreditando que desta forma se obterá bons resultados.

Bibliografias
JOÃO, R. B. e BRITO, M. Pensando a corporeidade na prática pedagógica em educação física à luz do pensamento complexo. Rev.bras. Educ.Fís. Esp, São Paulo, v.18, n.3, p.263-72, jul./set.2004.
FORTINI, F. O movimento Surrealista. 2ed. Lisboa: Editora Presença, 1980.
GALLAHUE, David L. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças. Adolescentes e adultos. 3ed. São Paulo: Phorte, 2005. 585p
MAGILL, Richard A. Aprendizagem Motora: Conceito e aplicações. 5ed. São Paulo: Edgard Blucher, 2000. 369p.
ESCOLA DA PONTE
Disponível em Acesso em: 13 fev. 2010.
GARDNER, H. A Teoria das Inteligências Múltiplas e suas implicações para Educação. (1985)
Disponível em Acesso 20 fev. 2010.
Disponível em < http://www.corpomusical.blogger.com.br > Acesso em 25 fev. 2010.
http://www.faced.ufu.br/colubhe06/anais/arquivos/44ElianeAparecidaBacocina_MariaWurthmannRibeiro.pdf
http://www.humanitates.ucb.br/2/educacao.htm